Uma parceria inédita de transferência de know-how firmada entre o Hemocentro São Lucas (HSL) e a Universidade Federal de São Paulo (UFESP) viabilizou a produção de colírio de soro autólogo no Brasil.
O produto hemoterápico é indicado para pacientes diagnosticados com síndrome do olho seco que pode ser desencadeada por diversos fatores entre eles a Síndrome de Sjogren, artrite reumatoide, hipertireoidismo e Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (GVHD), comum entre pacientes que receberam o transplante de Medula Óssea de doador.
A tecnologia foi submetida ao Conselho Federal de Medicina pelo Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina – EPM-UNIFESP e regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA em 2018, sendo considerado o Colírio de Soro Autólogo, um produto hemoterápico que deve seguir a legislação que regula a doação de sangue no Brasil.
O processo produtivo desenvolvido pelo Hemocentro São Lucas e os dados de validação foram apresentados e aprovados em parlatório com a Agência reguladora.
O Dr. Elíseo Sekiya, diretor científico do Hemocentro São Lucas, explica que o processo de produção do Colírio de Soro Autólogo validado pelo Hemocentro São Lucas originou o Sorotears®, apresentado nas concentrações de 20% e 50%, sem conservantes.
Para manter as suas propriedades e segurança, o kit contendo 12 frascos do produto é fornecido congelado com validade de três meses e após descongelado com validade de 7 dias.
O atendimento inicia com a prescrição
Segundo o Dr. Elíseo, o processo de atendimento inicia com a prescrição médica pelo oftalmologista, que avalia a elegibilidade do seu paciente através de exames
laboratoriais para doenças transmissíveis pelo sangue.
O paciente elegível será encaminhado ao serviço de hemoterapia onde passará por um processo semelhante ao
de uma doação de sangue, com coleta de sinais vitais e teste de anemia, entrevista de triagem e coleta de sangue para produção do colírio e de amostras para testes de sorologia
previstos na legislação.
O fundador do Hemocentro São Lucas, Dr. Adelson Alves, explica que a parceria firmada com a UNIFESP é de grande importância para facilitar o acesso dos pacientes ao primeiro
produto hemoterápico para uso oftalmológico, a partir de um processo de produção altamente seguro e garantido por uma empresa médica que atua há 50 anos na área de medicina transfusional.
O professor e vice-chefe do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina – EPMUNIFESP, Dr. Mauro Campos, afirma que se trata da
primeira parceria público-privada para a transferência de tecnologia para a produção de medicamento da Universidade.
“Vemos positivamente esse acordo, pois sabemos que há demanda nacional pelo produto e que essa realidade levará importantes benefícios à qualidade de vida para centenas de pacientes”, diz campos.
Ele explica que, no passado, algumas tentativas de se produzir o colírio de soro autólogo não foram adiante e acredita que a excelência do trabalho do Hemocentro São Lucas com a manipulação de hemocomponentes foi fundamental para o êxito da iniciativa.
“É uma vitória em prol do tratamento dos casos de olho seco severo, que atinge homens,
mulheres e crianças, numa proporção de 5% dos diagnósticos”.
O professor da UNIFESP vislumbra que, a partir da parceria com o Hemocentro São Lucas, será possível tornar a terapia do colírio de soro autólogo mais acessível, sendo que, de acordo com ele, o próximo desafio é a universalização do acesso ao tratamento através do Sistema Único de Saúde (SUS).
O desenvolvimento de novos produtos oftalmológicos derivados do sangue humano está na programação de atividades das instituições envolvidas na parceria.
Sobre o Sorotears
O colírio de soro autólogo Sorotears é uma opção de tratamento inovadora e segura para a síndrome do olho seco” afirma o médico.
É importante ressaltar que esse tratamento deve ser prescrito por um médico oftalmologista e se você foi diagnosticado com a síndrome do olho seco, converse com seu médico sobre o colírio de soro autólogo.